terça-feira, 9 de novembro de 2021

PREGADORES NEOPENTECOSTAIS - UMA LÁSTIMA À IGREJA BRASILEIRA

O termo neopentecostalismo, ou a expressão Terceira Onda do Pentecostalismo, designa o terceiro período do movimento pentecostal. O primeiro período seria em Atos 2. O segundo no fato ocorrido em 1906 na Rua Azuza. A Terceira Onda do Pentecostalismo é um movimento dentro do cristianismo que surgiu em meados dos anos 1970 e 1980. Dissidente do evangelicalismo que congrega denominações oriundas do pentecostalismo clássico ou mesmo das igrejas cristãs tradicionais (batistas, presbiteriana, metodistas, etc.), o neopentecostalismo é considerado um movimento sectário ¹. 

Quando estudamos antropologia bíblica e a sociologia da religião entendemos melhor acerca do surgimento bem como os ensinos e influência do Neopentecostalismo nas igrejas evangélicas brasileiras. Leituras importantes apontam que no Brasil, nos Estados Unidos e em países africanos, os neopentecostais surgiram do sincretismo entre as religiões cristãs evangélicas e as religiões africanas, como o candomblé ². As religiões cristãs, por possuir um maior valor social e etnocêntrico, foram utilizadas para englobar antigos rituais místicos e mágicos das religiões africanas³, a exemplo disso temos a Umbanda e as igrejas neopentecostais no Brasil.  

Ensinamentos comuns em igrejas neopentecostais herdados das religiões africanas são: o confronto espiritual direto com os demônios, maldições hereditárias, possessão de crentes, etc. Acrescento ainda as várias expressões e jargões, já tão repetitivos tais como: “Dá 
um glória aí crente”, “Tem fogo aí?”, “canelas de fogo”, “retété”, “levita”, “Recebe aí vaso” etc.

Lembro que tais termos e expressões nunca fizeram parte do Pentecoste de Atos 2 nem tão pouco da renovação vinda a partir da Rua Azuza em 1906. Tudo são coisas inseridas pelo neopentecostalismo.  

No Brasil, alguns dos maiores e mais representativos grupos dessa corrente são a Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja Internacional da Graça de Deus, a Igreja Mundial do Poder de Deus, a Igreja Renascer em Cristo, a Igreja Apostólica Fonte da Vida, a Comunidade Cristã Paz e Vida, e, pasmem, agora muitas Assembleias de Deus! Já observou como cresceram pessoas com os títulos Profeta, Ungido, Vaso, Levita, etc., nos moldes não pentecostais ou tradicionais?  


Infelizmente a coisa tende a piorar mais ainda, pois nos últimos 20 anos começou a se desenvolver uma turma de pregadores influenciados pelo neopentecostalismo. Estes se intitulam Profetas, Conferencistas, Realizador de Milagres, Mãos Ungidas, etc. Tais pregadores usam sapatos e paletós bem exóticos, tem revelações de CPF, placa de carro, nomes de ruas, enfim. Mas não para por aí, pois o mais importante vem agora: dinheiro. Isso mesmo. Suas obras e realizações giram em torno de finanças tão somente. Eu mesmo tenho recebido vários convites nas redes sociais destes pregadores. Uma das primeiras perguntas que recebo é; “Pastor Davi a igreja que o senhor lidera é grande? Tem quantos membros?”. Quando respondo que não sou pastor presidente nem lidero a igreja, mas sirvo como Pastor Auxiliar me congregando e servindo à minha liderança local, logo recebo como resposta: “Ah tá pastor. Pensei em marcar uma agenda com o senhor. Mas sendo assim, valeu pastor”. E a partir daí não pareço mais útil ao mesmo. 

 

Davi Silva é pastor, atualmente exerce o ministério no estado do Rio de Janeiro; É Membro da CGADB; Bacharel e Professor de Teologia.


Contatos
 

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Blog: https://davisilvaprofessor.blogspot.com 

 
 

 

 

 

¹David Allen Bledsoe (2012). Movimento neopentecostal brasileiro.   

² BRANDÃO, Carlos (1986). Identidade e Etnia: construção da pessoa e resistência cultural. São Paulo: Brasiliense 

³ SILVA, Vagner (2005). «Concepções religiosas afro-brasileiras e neopentecostais: uma análise simbólica»Revista da USP. Consultado em 30 de janeiro de 2014 

 

 

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