Gálatas 5. 1,13
Introdução
Inicialmente é importante diferenciar alguns termos:
1. Israelita – A pessoa nascida em Israel. O cidadão israelense tem suas leis, suas normas, sua cultura, etc.;
2. Judeu – É o praticante da religião Judaica (Judaísmo). O Judaísmo tem suas leis, suas normas;
3. Cristão – A pessoa que quebrou todos os laços de sua religião anterior e agora abraça o Cristianismo, tendo Jesus como Senhor e Salvador. Esse, agora, passa a viver numa nova lei, numa Nova Aliança.
4. Judaizante – É um judeu que se converte ao Cristianismo, mas que, todavia, continua com as práticas da religião anterior, ou seja, o Judaísmo. Vive um Cristianismo debaixo da lei e das normas judaicas;
5. Legalismo - É a forma de pensar: quanto mais leis, mais moral. Quanto mais normas, mais santidade. Quem bem sabia fazer isso eram os fariseus. Eles impunham ao povo normas e leis a fim de que as pessoas ficassem mais próximas de Deus e de Sua santidade.
6. Doutrina bíblica - A doutrina bíblica é a verdade fundamental contida na Bíblia. A palavra doutrina vem do grego e significa “ensino”. Com isso, a Bíblia é a palavra de Deus que nos ensina a verdade fundamental para o nosso viver (2 Tm 3.16). Aprendendo as verdades bíblicas, aprendemos doutrina. Destaco algumas doutrinas contidas na Bíblia: A Doutrina das Escrituras Sagradas, A Doutrina de Deus, A Doutrina do Pecado, A Doutrina dos Últimos Acontecimentos, A Doutrina do Pecado, A Doutrina da Salvação, etc.
Muitas igrejas cristãs estão presas em um legalismo farisaico e existem muitos cristãos querendo ser judeus. A verdade é que todo esse cenário tem perturbado e contaminado a fé de muitos. E é sobre esse assunto que Paulo vem nos esclarecer, onde a verdade do Evangelho estava sendo colocada em dúvida, como se a palavra de Deus não fosse suficiente. Vamos ver como o apóstolo Paulo trata a questão do legalismo e da liberdade cristã?
I - A SALVAÇÃO ESTÁ EM UMA PESSOA, CRISTO, E NÃO EM DOGMAS E LEIS
1.1 Paulo queria que os judeus entendessem que a suprema revelação do evangelho está em uma pessoa: Jesus Cristo, e não em códigos de leis, rituais ou costume desse ou daquele grupo religioso. A suprema revelação do evangelho é Jesus Cristo;
1.2 O que os judeus estavam tentando induzir a ideia de que a salvação é obtida pela observância da lei ou diversas provisões da mesma. Isso chama-se legalismo, onde a vida cristão deve ser pautada e governada pela observância da lei.
O legalismo quer colocar certos costumes como doutrina, escanteando a sã doutrina da Bíblia, como se a Bíblia não fosse suficiente para um viver cristão. Que fique bem claro que os bons costumes são necessários, como: agradecer um favor, cumprimentar as pessoas, ter asseio pessoal, se vestir com decência, etc. Só que aqui no caso de Paulo, é diferente, estão colocando paridade entre certos costumes e a doutrina bíblica;
1.3 Cristo deve ser o centro de nossa fé. As normas existem e são boas e necessárias, mas não como elementos imprescindíveis à salvação. Quem salva é Cristo! Quem morreu na cruz, foi Cristo. Quem escreve nosso nome do Livro da Vida é Cristo. Quem perdoa é Cristo.
“Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. (Romanos 11.36).
“Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:9)
II - QUANDO OS USOS E COSTUMES ESTÃO ACIMA DA FÉ EM CRISTO
Há pelo menos três falácias usadas para impôr o legalismo nas igrejas:
Primeira falácia - Há certo tipo de pessoas que precisa de cabrestos e leis proibitivas
Entenda-se que esse tipo de pessoa seja o pobre e o simples financeiramente falando, pois os mais favorecidos, dificilmente a estes são impostas as mesmas exigências. Diga-se de passagem as igrejas-sede cujos membros se vestem bem mais à vontade que os das congregações filiais.
É um argumento em que significa dizer que a pessoa não tem condições de participar do Evangelho da Graça, pois nem a pessoa nem o Evangelho por si só seja capaz de salvar.
Qual a resposta da Bíblia a essa questão? Precisamos mesmo de tais leis proibitivas e cabrestos?
Deus deseja que sejamos livres: “Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti”.
2. Segunda falácia - Abertura demais resulta em libertinagem.
É a ideia que se deve manter algumas proibições aos irmãos em Cristo para os mesmos não partirem para o extremo da carnalidade.
Era como se a Graça precisasse do reforço da Lei e de normas. Nesse caso a graça não tem poder suficiente, pois precisa de uma força dos homens.
Qual a resposta da Bíblia a essa questão? Abertura demais gera libertinagem?
A Bíblia mostra que as proibições tornam-se inócuas na tarefa de santificar o crente: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo. Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.” Colossenses 2:16,17, 20-23
3. Terceira falácia - A salvação vem pela graça, mas a santificação depende de nós.
Era como se Deus tivesse feito sua parte na cruz e agora exige que seus filhos se aperfeiçoem em santidade por conta própria.
Olha que problema: seria uma irresponsabilidade divina se Deus providenciasse, através dos méritos exclusivos de Cristo, a nossa salvação e depois exigisse, por meio de nossos esforços, desenvolvêssemos o que Ele começou. Isso beira à heresia!
Qual a resposta da Bíblia a essa questão? A santificação depende mesmo do ser humano?
A obra da salvação é feita em Cristo. A obra da santificação é feita também somente em Cristo! Não há nada que o ser humano faça que o torne mais santo. Tudo tem que ser feito por Cristo! de forma que o segredo não está em eu fazer, mas me entregar. Quanto mais me entrego a Cristo mais Ele me santifica.
III - ENTENDENDO OS TEXTOS POLÊMICOS USADOS PELOS LEGALISTAS
1. Roupas
Deuteronômio 22.5: “Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor teu Deus.”
É a passagem preferida daqueles que desconhecem a liberdade em Cristo, mas que defendem a salvação ou a santificação por meio de obra humana.
Algumas coisas precisam ficar claras a respeito do texto de Moisés.
A primeira é que existe calça comprida para homem e calça comprida para mulher.
Falo assim, pois alguns entendem que Moisés estaria proibindo o uso de calça comprida pelas mulheres por ser uma indumentária exclusiva aos homens.
Vamos aos fatos. Há calça comprida feita exclusivamente para mulher. Ou seja, é calça de mulher, feita para mulher, logo não é "traje de homem". Pode haver semelhança, como camisas que são semelhantes. Portanto, o homem não deve usar uma calça feita para uso exclusivamente masculino. Nem o oposto.
A segunda observação que faço é da questão do gênero homossexual.
Notamos que esta passagem de Deuteronômio 22:5 faz alusão aos que queriam usar as roupas do sexo oposto, talvez numa intenção de homossexualidade, o que é terminantemente pecaminoso na perspectiva judaica bem como neotestamentária.. Leia o que diz: "Não haverá traje de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de mulher". Portanto se você é homem use calça de homem, pois fazendo o contrário você estará realizando uma prática da homossexualidade.
A terceira observação que faço é a da hierogamia.
Alguns povos antigos (mas tem gente na atualidade também) acreditavam que era possível haver união sexual entre mortais e imortais. Havia a hierogamia na perspectiva dos gregos, judaicos, cristãos, etc. Cada um cheia de detalhes e informações intrínsecas ao seu povo e suas crenças.
Como se dava a hierogamia?¹,² Se dava no ritual de casamento entre o sacerdote e a deusa, no rito de Astarte, comum entre fenícios e filisteus. Um sacerdote se travestia com roupas da deusa (homem se vestindo de mulher), e fazia sexo com outro homem que no caso era outro sacerdote e ambos tinham relações sexuais. Assim, um se passa por mulher e outro se manteria como homem. Então se dava o ritual hierogâmico. Daí eles acreditavam que viria fertilidade na terra.
É muito provável que Deuteronômio 22.5 esteja se referindo não ao uso de calças masculinas e femininas, mas sim, em proibir o povo de Deus fazerem esses custos aos moldes cananeu. O que Deus estava dizendo seria algo tipo “Mulheres não se vistam como homens nem homens se vistam como mulheres para praticarem a hierogamia, pois isso é abominação ao Senhor”.
¹ S.A, Priberam Informática. Dicionário Priberam. Consultado em 12 de agosto de 2021
² Encyclopedia Britannica. Consultado em 11 de Abril de 2016
2. Jóias e adornos
Texto Um
1a Pedro 3. 3-6 que diz: ”O enfeite delas não seja o exterior, no frisado do cabelo , no uso de jóias de ouro, na compostura dos vestidos; mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos; como sara obedecia a Abraão chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o bem, e não temendo nenhum espanto”
a) Em momento nenhum tem alguma proibição aqui no texto. Ele não está dizendo que é proibido, ele está mostrando que os adornos não devem ser prioridade, pois existem coisas muito mais superiores para se priorizar como a submissão ao marido por exemplo.
b) Pedro adverte os cristãos para não se deixar levar por uma gravata bonita, um terno, um vestido, uma joia. Ele não está proibindo o uso de tais objetos. Pedro quer doutrinar os cristãos a não serem admirados pelo mundo pelo o que possuem, pelos seus bens, mas por aquilo que ele é, e o que Deus fez em sua vida.
Texto Dois
1a Tm 2.9,10: “Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, Mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras”.
O apóstolo não tenta proibir, mas mostrar às mulheres que a verdadeira beleza não pode ficar resumida ao estereótipo;
Se jóias fossem pecado profano, o Senhor jamais compararia sua Igreja a quem usa joias: ”Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus; porque me vestiu de roupas de salvação, cobriu-me com o manto de justiça, como um noivo se adorna com turbante sacerdotal, e como a noiva que se enfeita com as suas jóias". Isaías 61:10
José usou um colar: ”E tirou Faraó o anel da sua mão, e o pôs na mão de José, e o fez vestir de roupas de linho fino, e pôs um colar de ouro no seu pescoço.” Gênesis 41:42.
Conhecendo um pouco sobre a idoneidade da fidelidade de José, é muito provável que se o uso de colar fosse um pecado José jamais se permitiria usá-lo.
Rebeca usou pulseiras de ouro: ”E aconteceu que, acabando os camelos de beber, tomou o homem um pendente de ouro de meio siclo de peso, e duas pulseiras para as suas mãos, do peso de dez siclos de ouro” Gênesis 24:22
Rebeca recebe pulseiras de ouro? Você deve lembrar que ela é um tipo da Igreja né?
Quem sabe em outra ocasião poderemos tratar de cabelos, barba, bigode, etc.
IV - BUSCANDO O EQUILÍBRIO
“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor“. Gálatas 5:13
1. Não podemos confundir liberdade em Cristo com liberdade na nossa carne.
A carne é traiçoeira. Ela é influenciada pelo mal. Nós temos a natureza pecaminosa ainda. Então tudo que formos fazer com a administração da carne vai dar errado!
Lembre-se que nossa liberdade é em Cristo e não nos prazeres da carne;
2. Não podemos dar ocasião à carne nas roupas, nas joias, no cabelo, etc. Portanto, não se permita dominar por suas vontades provocando sensualidade a terceiros, seja por meio de calça, bermuda, blusa, etc. Procure ter modéstia, decência e simplicidade seja lá no que for usar. Se és mulher e quer usar uma calça use-a de maneira decente. Se és homem, faça o mesmo;
3. Não podemos dar ocasião à carne nas pregações quando desprovidas de Cristo. Achava que dá ocasião à carne era só nas questões da sensualidade e sexo? Enganou-se viu. Existem muitos obreiros que se deixam dominar pela carne até nas pregações. Estes pregam textos, sermões, desprovidos de Cristo. Falam mais de si que de Jesus.
4. Não podemos dar ocasião à carne nas músicas cristãs. Já viram como os regentes (de grupos de louvor, conjunto de mulheres, de jovens) ministros de louvor e músicos em geral estão tão dominados pela carne que não cantam canções que exaltam a Deus? Dá uma olahada lá nas letras. A maioria é a mesma cantiga: “Vou te levantar do chão”, “Vou abrir portas”, “ Teus inimigos serão envergonhados”... Já observou que poucas músicas realmente são de adoração ao Pai, Filho e Espírito Santo? E quantas anunciam a obra da salvação? Quase nenhuma. Isso sim é dar ocasião à carne.
5. Não podemos dar ocasião à carne nos cultos
“Se você usar meios carnais para atrair pessoas para a igreja, você irá atrair pessoas carnais e terá que continuar usando meios carnais maiores ainda para mantê-los na igreja.” (John Piper).
Que meios você está usando no templo e nos cultos? Os meios são o jogo de luz, as danças, as paredes pretas?
6. Qual o parâmetro então Pastor Davi? Até onde posso ir então? Responda a você mesmo As Quatro Perguntas:
(1) Isto vai me dominar?
(2) Isto é espiritualmente proveitoso?
(3) Isto edifica?
(4) Isto ajuda ou impede meu próximo a tropeçar?
“Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?” Gálatas 4:16
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