sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Investir em COISAS ou PESSOAS

Por Davi Silva

Sou filho de pastor e hoje também sou pastor.

Desde minha adolescência tenho acompanhado o ministério pastoral de outros líderes. Isso me ajuda a crescer.

Nesse acompanhamento percebi como muito lideres apresentam seu “sucesso” pastoral:

“Construí vários templos”, “Na minha gestão coloquei ar condicionado, troquei poltronas”, “Fui o pastor que mais construí” e etc.

Sei que um grupo social organizado precisa de certas instituições e estrutura para logística e tal, sendo ele mesmo uma instituição. Eu mesmo já realizei algumas benfeitorias em templos, cujas igrejas pastoreei.

Mas, lendo os Evangelhos, veremos que Jesus Cristo preferiu separar doze homens para o apostolado, estar com eles, discipulá-los, treinando-os para o prosseguimento de Sua Obra. Esses homens simples, e, em sua maioria, iletrados, foram treinados e enviados a pregar, ensinar, expulsar demônios, curar enfermos, estabelecer a doutrina cristã.


Jesus investiu em equipes de pessoas, e em pessoas em particular. Conversou com o suposto corrupto Zaquel, com o intelectual Nicodemus, com a mulher samaritana, com a mulher siro-fenícia. Preparou e enviou 70 missionários a pregar o Evangelho do Reino em Israel. Operou milagres entre pessoas, não diante de auditórios suntuosos. Procurou as sinagogas e o Templo, mas para ensinar, não para "se mostrar". Jesus teve em torno de Si homens e mulheres que O auxiliavam até mesmo com seus bens, mas não há absolutamente nenhuma passagem que indique uma campanha apelativa de arrecadação de fundos para a aquisição ou construção de estruturas físicas. A prioridade de Jesus são as pessoas.

Não é errado construir templos! Mas há que se ter prioridades. Qual a nossa missão por ordem de prioridade? Construir coisas ou fazer discípulos? Construir carreiras ministeriais ou apascentar ovelhas? Seguir piamente o roteiro denominacional ou cumprir a Grande Comissão?

Lamento muito a pobreza alojada no pensamento de encher templos com chamarizes fantásticos, enquanto o número de pessoas serve apenas para denotar o “sucesso” da igreja e fazer uma boa fotografia. Vale mais o que se está ensinando no púlpito, o teor da pregação, o compromisso com a Palavra de Deus, a qualidade do culto ao SENHOR. Discipulado, infelizmente, tem sido mais um departamento burocrático de muitas igrejas, em que o pessoal recém-convertido vai aprender alguma coisa da Bíblia e da denominação, para depois seguir a classes outras da escola bíblica, não raro esperando o dia especial da ordenação ministerial, a partir do qual farão parte do clero.

Não nos esqueçamos: Jesus investiu em pessoas. A Salvação não se dirige a estruturas sociais, políticas, físicas ou econômicas, mas à estrutura humana, espírito, alma, corpo, o Ser Humano total. Jesus pretende estabelecer um diálogo aberto com a pessoa humana, sem a intermediação das construções físicas ou institucionais de que tanto gostamos.

Já percebeu como Jesus descreveu a principal necessidade da Obra? Ele não disse (como dizem muitos líderes hodiernos) "Rogai ao Senhor da seara que envie RECURSOS para à sua seara para investirmos em COISAS", mas "que envie TRABALHADORES". Pessoas.

Oração e pessoas.

Se, nós pastores, investirmos em pessoas, o dinheiro e tudo mais virá por acréscimo.

Por fim, construamos coisas, sem esquecer do principal, as pessoas.

Davi Silva é casado com Tatiana e pai de Ana Cecilia; Serve como pastor no Estado do Rio de Janeiro; Membro da CGADB; Bacharel e Professor de Teologia, Palestrante, Conferencista, Comunicador de Rádio. 

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