Final de ano vai
chegando e meu email dispara com essa pergunta:
“Pr. Davi, um cristão
pode comemorar o Natal?”
Tenho recebido muitas
perguntas e contestações a respeito do Natal. Por exemplo: "Deve o cristão
ou não participar de festas natalinas, comemorar o ano novo, apresentar
crianças, realizar formaturas, entre outras questões?". Tenho analisado os
mais diversos temas e achei por bem abordar esse assunto de maneira simples e
equilibrada.

PARABÉNS JESUS!
Comemoramos com alegria o nascimento de pessoas
queridas e nos confraternizamos em seus aniversários. Portanto, entendemos ser
válido e de muita gratidão nos regozijarmos também pelo nascimento de Jesus e
lembrarmos desse acontecimento ímpar da história da humanidade com alegria.
Outros, porém, entendem tratar-se de uma festa oriunda do paganismo, não
cristã. De antemão, quero deixar bem claro que não irei apresentar objeções
contrárias aos grupos cristãos que não participam de comemorações natalinas.
Respeito essa opinião, já que entendo tratar-se de uma questão secundária. O
mais importante para mim é nos mantermos na fé em Jesus Cristo respeitando a
maneira amorosa de cada comunidade cristã prestar gratidão pela a vinda do
Filho de Deus à terra.
Dia 25 de dezembro?
A palavra Natal vem do latim natale, relativo ao nascimento. O natal é
uma celebração do nascimento de Cristo, atualmente observado no dia 25 de
dezembro. Em Roma, desde o ano de 336 d.C. essa data foi escolhida como o dia
da celebração do nascimento de Cristo. Há certa incerteza sobre quando e porquê
essa data foi escolhida. Nas páginas do Novo Testamento não há informe que nos
ajude a determinar o tempo certo, embora os pastores e seus rebanhos no campo,
à noite, não falam sobre o período do inverno. Historicamente falando, parece
não ter havido interesse, entre os primeiros cristãos pela celebração do
nascimento de Cristo, através de alguma data separada com alguma finalidade,
embora, desde o começo, a sua ressurreição tenha sido celebrada semanalmente,
ou seja, a cada primeiro dia da semana, que atualmente denominamos Domingo. A
primeira evidência histórica de que disponho para celebração do nascimento de
Cristo nos chega da época de Hipólito, bispo de Roma, na primeira metade do
século III d.C. A princípio ele escolheu a data de 2 de Janeiro como o dia
dessa celebração. Outros escolheram datas como 20 de Maio, 18 ou 19 de Abril, e
25 ou 28 de Março. Antes disso, por algum tempo, 06 de janeiro fora observado
como a data do 'nascimento espiritual de Cristo', ou seja, como a data em que Ele
foi batizado por João Batista. Mas alguns também observam essa data como aquela
que assinalava o nascimento físico. O mundo pagão celebrava a festa de Dionísio
nesse dia, uma celebração associada à duração maior dos dias. A noite de 05
para 06 de Janeiro era devotada à festa do nascimento de Cristo, e o dia 06 de
janeiro era devotada à celebração de seu batismo, e, entre os anos de 325 a 354
d.C., a festa do Natal foi transferida para o dia 25 de Dezembro. Alguns supõem
que foi o imperador Constantino quem estabeleceu o dia do Natal a 25 de
dezembro, para substituir a festa pagã em honra ao sol. Nesse caso, o SOL tomou
o lugar do sol, o que se reveste de certa lógica, porquanto Ele é a Luz do
mundo espiritual. Poderiam escolher outra data qualquer, mas a escolha recaiu
sobre o dia 25 de dezembro, que era uma ocasião já consagrada no calendário do
império Romano pela grande festividade do Natal do sol invicto. A festividade
do Natal do sol invicto era celebrado pelos adoradores do sol (normalmente
identificado como Mitra ). O mítraísmo era um culto que possuía algumas
semelhanças com o cristianismo e, paradoxalmente, intransponíveis diferenças.
Era uma religião de mistério, que concorreu intensamente com o cristianismo e
entrou em conflito com essa religião e, finalmente, venceu. A escolha do dia 25
de dezembro como data do nascimento de Jesus ofuscou as festividades do Natal
do sol invicto dos pagãos e consagrou o dia do nascimento do verdadeiro Sol da
Justiça, que para os cristãos é Cristo. Dessa maneira, os cristãos daquela
época cristianizaram um dia festivo do calendário romano, argumentando que
Jesus é a luz verdadeira. Pois o próprio Senhor Jesus disse, em João 8.12, que
é a luz do mundo. Foi uma maneira que esses cristãos acharam de considerar o
feriado romano e trocar o objeto de culto, já que não tinham uma data
específica. Com isso, destruíram o culto pagão, condenando-o ao
desaparecimento. Para que possamos compreender bem a questão, apresento o
seguinte exemplo: o carnaval no Brasil é comemorado em fevereiro. Imagine se os
crentes brasileiros conseguissem ganhar as pessoas para a fé em Jesus e, ao
invés de festejarem o carnaval, esse período fosse dedicado ao Senhor Jesus.
Neste caso, o feriado carnavalesco seria mantido no calendário oficial do
Brasil, mas essa data seria dedicada ao culto e aos louvores ao Filho de Deus.
Aliás, nessa data, muitas igrejas evangélicas realizam reuniões, retiros
espirituais e cultos.
Guardando as devidas proporções, foi algo parecido
com esse exemplo que ocorreu com a Celebração do Natal. Ou seja, caso isso
acontecesse, de o feriado do carnaval passar a ser dedicado ao Senhor Jesus,
seria falso dizer que sua origem era pagã. Embora a maioria dos cristãos
celebra o nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro, nem todos consideram essa
data, mas isso não é a data em si, mas o acontecimento: Jesus nasceu! Os
ortodoxos comemoram o Natal no dia 06 de janeiro e os armênios, no dia 19 do
mesmo mês. Biblicamente, dois fatos importantes demonstram que o nascimento de
Cristo não se deu em nenhuma dessas datas. O contexto de Lucas, por exemplo,
revela que o nascimento do Messias ocorreu em um verão: o recenseamento
determinado por César Augusto (Lc 2.1,2) e os pastores no campo durante a noite
(Lc 2.9). O deslocamento de grandes grupos de pessoas de um local para outro não
era algo apropriado no inverno e muito menos era típico dos pastores
apascentarem suas ovelhas no relevo nessa época do ano. Grande parte dos
cristãos evangélicos comemora o acontecimento, e não o dia em si, pois para
eles todos os dias são Natal. Como já falamos, muitas igrejas cristãs não
comemoram o Natal, outras defendem a abstinência de qualquer celebração (por
exemplo, aniversários, casamentos, apresentação de crianças, ano Novo etc. ). E
respeito a posição adotada pelas diferentes denominações, como também respeito
a posição das igrejas que adotam as celebrações. O apóstolo Paulo, escrevendo
aos irmãos de Colossos, declara: “Portanto ninguém vos julgue pelo comer, pelo
beber, ou por causa dos dias de festas, ou da lua nova, ou dos sábados” ( Cl
2.16). E vai mais além: “E quando fizerdes por palavras ou por obras fazei tudo
em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças Deus Pai” (Cl 3.17).

AS ÁRVORES DE NATAL
As fogueiras de Natal são um costume tomado por
empréstimo dos escandinavos, que costumavam acender imensas fogueiras em honra
ao sol. O uso das árvores de Natal originou-se nos costumes das tribos celtas e
teutônicas que honravam as sempre-vivas, quando do solstício de inverno, em suas
festas que celebravam a vida eterna. Nos países de inverno rigoroso, somente as
sempre-vivas não perdem as folhas no inverno, o que explica o simbolismo da
árvore de Natal. Portanto, essas árvores eram adoradas entre aqueles povos como
uma promessa do retorno do sol. Alguns supõem que a coroa de espinho de Cristo
foi feita com um ramo de sempre-viva. As coroas de Natal, por sua vez, tiveram
origem por analogia com a coroa de espinhos. A tradição da árvore de Natal diz
que isso veio de um ato de Martinho Lutero – ao passar por um bosque, ele teria
observado a beleza das estrelas, que rebrilhavam por entre os ramos de
pinheiro. Então, ao chegar em casa, procurou duplicar essa beleza acendendo
velas entre ramos de sempre-viva.
Seja como for, em alguns lugares, a sempre-viva
tornou-se um símbolo da vida eterna que há em Jesus Cristo.

PAPAI NOEL
O gordo, bonachão e barbado Papai-Noel deriva-se
de São Nicolau, do século IV d.C. bispo na Ásia menor. Nicolau era, na
realidade, um homem de aparência bastante austera, embora com reputação de
homem que fazia o bem e era generoso. E essa foi a parte de seu caráter que
inspirou o costume de distribuir presentes e brinquedos na época natalina.
Detalhes como as gorduras, a espontaneidade, a alegria, etc., podem ser atribuídos
à história criada pelo escritor norte americano Washington Irving, ou à
narrativa de Clement Moore, Visit From St. Nicholas (1822), que começa com a
famosa linha: “era a véspera de Natal”. A imagem do Papai-Noel em um traje com
abas de couro, a guiar o seu trenó na neve, imaginação do povo americano, nos
desenhos do cartunista Nomas Nast, em 1863. Depois disso, o Natal tornou-se uma
festividade jubilosa para as crianças que chegavam a ouvir os guizos do trenó
do Papai-Noel a bimbalhar, enquanto esperavam o momento certo para abrirem seus
pacotes de presente, quase sem dormir durante a noite inteira. Seus pais,
entretanto, insistiam em dizer-lhe que o centro da festa era Jesus. Só não
podemos duvidar de que o idoso Nicolau estava com a razão em mostrar-se
generoso, distribuindo presentes.

CARTÕES DE NATAL
Acredita-se que o primeiro cartão de Natal foi
confeccionado na Inglaterra em 1843 por um artista chamado John C. Horsley para
um amigo, Sír Henry Colo. Neste cartão estava desenhada uma família e as
palavras A" Merry Christimas and a Happy New Year to You". Esta
prática difundiu-se rapidamente por toda a Inglaterra e países de língua de
inglesa depois chegando ao resto do mundo.
PRESÉPIO
A reprodução do cenário onde Cristo nasceu é um
dos símbolos mais comuns do Natal nos países católicos: uma manjedoura,
animais, pastores, os três reis magos, Maria, José e o menino Jesus. Esse
costume surgiu com São Francisco, que então, celebrou uma missa em frente desse
arranjo, inspirando devoção a todos que o assistiam. Entre a maioria das
igrejas evangélicas não há esse costume, visto que o uso de imagens de
personagens bíblicos é quase sempre associado á idolatria.
TROCA DE PRESENTES
Um dos costumes mais antigos associados ao Natal
tem sua origem pré-cristã, nos hábitos romanos. Posteriormente, as tribos
germânicas da Europa, ao se converterem ao cristianismo, passaram a comemorar o
Natal dessa maneira. Existem outras explicações sobre essa prática. Uma
tradição mais antiga lembra os três reis magos, que entregaram dádivas a Jesus.
CONCLUSÃO
O evangelho é o mesmo. Mas as figuras que retratam
a abrangência do poder de Cristo se contextualizam. Os tempos mudam, os
costumes também, mas a palavra de Deus não. Os referenciais de costumes e
éticas têm variações através dos séculos. Mas, quanto ao evangelho, a salvação
continua tendo a mesma base: Jesus Cristo. O louvor harmonioso dos anjos
continua ecoando em nossos dias: “Não temais, porque eis aqui vos trago novas
de grande alegria, que será para todo o povo: pois na cidade de Davi, vos
nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor, Glória a Deus nas alturas, Paz
na terra, boa vontade para com os homens” (Lc 2,10,11,14 ).
Portanto não há problemas se você comemora ou não
o Natal, pois o mais importante não é o que fazemos, mas o que Ele fez: Ele
nasceu! Gloria pois e Ele. Amém.
Davi Silva é casado com Tatiana e pai de Ana Cecilia; Serve como pastor no Estado do Rio de Janeiro; Membro da CGADB; Bacharel e Professor de Teologia, Palestrante, Conferencista, Comunicador de Rádio.
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